Concorrentes
Benditos sejam meus Concorrentes
Que me fazem levantar cedo e me render mais o dia;
Que me obrigam a ser mais atencioso, competente e correto;
Que me fazem avivar a inteligência para melhorar meus produtos e meus serviços;
Que me impõem a atividade, pois se não existissem, eu seria lânguido, incompetente e retrógrado;
Que não dizem minhas virtudes e gritam bem alto meus defeitos e assim posso corrigir-me;
Que quiseram arrebatar-me o negócio, forçando-me a desdobrar-me para conservar o que tenho;
Que me fazem ver em cada cliente um homem a quem devo servir e não explorar, o que faz de cada um meu amigo;
Que me fazem tratar humanamente meus vendedores, para que se sintam parte de minha empresa e assim vendam com mais entusiasmo;
Que provocaram em mim o desejo de superar-me e melhorar meus produtos;
Que por sua concorrência me converteram em um fator de progresso e prosperidade para meu país.
Salve, concorrentes! Eu vos saúdo... Que o Senhor lhes dê vida longa.
(Comandante Rolim Amaro)
Amigos...
Pítias, condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus últimos dias.
Dizia não temer a morte, mas como explicar que seus olhos se enchessem de lágrimas ao ver o caminho que se abria diante das grades da prisão?
Sim, era a dura lembrança dos velhos pais! Era ele o arrimo e o consolo deles.
Não mais suportando, um dia Pítias disse ao tirano:
- Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver meus negócios. Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.
- Como posso acreditar na sua promessa? Os caminhos são desertos. O que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e zombeteiramente.
- Senhor, é preciso que eu vá. Meus pais estão velhinhos e só contam comigo para se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de lágrimas.
Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem amigo de Pítias, interveio propondo:
- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que carecem da ajuda do filho. Deixe-o partir e garanto sua volta dentro dos dias previstos, sem faltar uma hora, para lhe entregar a cabeça.
A resposta foi um "não" categórico.
Compreendendo o sofrimento do amigo, Damon propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele se necessário fosse. O tirano, surpreendido, aceitou a proposta. Depois de um prolongado abraço no amigo, Pítias partiu.
O dia marcado para sua execução amanheceu ensolarado. As horas passavam céleres e a guarda já se mostrava inquieta.
Entretanto, Damon procurava restabelecer a calma, garantindo que o amigo chegaria em tempo.
Finalmente chegara a hora da execução.
Os guardas tiraram os grilhões dos pés de Damon e o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em silêncio a cada um dos seus passos. Subiu, então, ao cadafalso.
Uma estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos. Era Pítias que chegava exausto e quase sem fôlego.
Porém, rompendo a multidão, galgou os degraus do cadafalso, onde, abraçando o amigo, entregou-se ao carrasco sem o menor pavor.
Os soluços da multidão comovida chegaram aos ouvidos do tirano.
Este, pondo-se de pé em sua tribuna, para melhor se convencer da cena que acabava de acontecer na praça, levantou as mãos e bradou com firmeza:
- Parem imediatamente com a execução! Esses dois jovens são dignos do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra. Eles provaram saber o quanto vale a honra e o bom nome!
Descendo imediatamente daquela tribuna, dirigiu-se a Pítias e a Damon.
Dionísio estava perplexo e, abraçando-os com comoção, disse-lhes:
- Eu daria tudo para ter amigos como vocês.
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