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Ó MORTE, QUE CONFUSA ÉS!

Vanderli Granatto



Quisera poder cantar-te,

em versos sem lamentos.

Saber de ti ó morte,

se conheces o poder sem alento,

do horror, que de ti verte.

Tantos gritos, tantas dores!

Ao falar de ti,

enchemo-nos de pudores.

És o inferno ou apenas o inverso

de nossa sorte?

A vida que dizemos ter,

está também estampada em ti,

no que é desprezível , no horror

que podemos vivenciar...

Aflitos até imploramos que logo

venhas,

aliviando o pesadelo desta

malfadada vida.

Já nem sei se a morte é vida,

ou se a vida é morte.

E nesta dualidade,

a crueldade tanto maltrata!

A vida a cada dia que passa, morre

e a morte se aproxima,

cada dia mais e mais,

fazendo a vida virar morte

e a morte se tornar vida,

além desta vida que se finda.

Será morte que és a vida

virada pelo avesso?

Mas se fores outra vida a ser vivida,

o que nos reserva além desta vida?

És vida, pois morte pós morte, não

seria vida vivida

pela eternidade da vida.

E neste perambular, acho morte,

que tu não existes.

Fostes inventada para sairmos desta

vida e adentrarmos pela porta da

vida, numa outra vida.

Então, sai a vida com a morte

e a morte vive na vida, como vida

eterna a ser vivida.

Que confusão tu me fazes ó morte!

Quisera poder cantar-te

sem lamentos,

pois chegas em hora certa,

para exterminar tantos sofrimentos.

Mas adentras também sorrateira,

onde ainda havia muita vida

a ser vivida.

Tristezas contigo carregas,

nesta vida,

isso fazes questão de demonstrar.

És a parte mais profunda do ser,

mas posso ficar mergulhada por

horas a fio,

em meu íntimo mais profundo

e fazes questão

de esconder seu segredo.

Não se faz luz em meu pensamento.

Então morte creio, que o eco do meu

pensamento é uma voz no abismo.

Quisera poder cantar-te,

em versos sem lamentos,

mas te condeno ser cúmplice do

silêncio profundo.

Me silencio diante de ti

e neste silêncio por momentos,

peço ao bom Pai tão somente,

paz para esta vida de sofrimentos.

Vanderli

20/10/2008

Botucatu/SP

Publicado no Recanto das Letras

Código do texto T1239336

3 comentários:

Anônimo disse...

Agradeço o uso do meu trabalho. Sou a autora do texto "Ó morte, que confusa és" Parabéns pelo incentivo, divulgação e uso correto do mesmo. abraço fraterno Vanderli Granatto

Gabriel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo disse...

estaremos sempre postando trabalhos dos colegas