Cleide Canton
Passa o tempo calmo, lento,
passa o sonho, seca a fonte.
Sem piedade passa o vento
a buscar novo horizonte.
Passa o canto, cala a voz
a clamar por liberdade.
Passa a brisa logo após
invocando a divindade.
Passa a guerra, leva a morte
o covarde enaltecido,
mas a mãe, terra de sorte,
chora a dor de não ter sido.
Passa a dança, a alegria,
passa o som e até a cor.
Passa o riso da poesia,
tristes versos sem calor.
Passa o bem, passa a maldade
em tabelas sem valor.
Só não passa esta saudade
a chorar por teu amor.
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